Setembro Amarelo

Vamos conversar um pouco sobre o Setembro Amarelo?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos alguém no mundo interrompe a própria vida. O número de óbitos autoprovocados é significativamente maior que aqueles causados por homicídios: 800 mil por ano, contra 470 mil. O dado é alarmante e demonstra o quanto é necessário criar medidas preventivas contra esse desafio global.
A campanha SETEMBRO AMARELO é uma delas, surgindo com o propósito de conscientizar a população sobre a realidade do suicídio e mostrar que existe prevenção em mais de 90% dos casos. Ocorre, desde 2014, por meio de identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações.
Ocorrem mais casos de suicídio oficialmente registrados no planeta do que de homicídios ou óbitos em conflitos armados ou guerras.
Para termos saúde, precisamos de informação. Isso também vale para o suicídio, veicular informações sobre um problema de saúde pública que boa parte dos brasileiros não sabe o que é. E o ponto mais relevante: 90% dos casos podem ser detectados, porque estão associados a patologias de ordem mental que possibilitam diagnósticos e tratamento.
Fatores de Risco:
Liderando o ranking dos fatores de risco das psicopatologias em relação ao suicídio, temos a popularíssima depressão, que não é sinônimo de estado depressivo, algo comum em nossa existência. A dor e o sofrimento fazem parte da vida de todos nós. A Depressão requer ajuda especializada. E o pior: em boa parte dos casos, não se tem a menor ideia do porquê de se estar sofrendo tanto, e isso faz padecer ainda mais. Quando há o diagnóstico , temos de seguir um protocolo terapêutico, confiar a alguém a tarefa de nos ajudar a lidar melhor com ela. Depressão não tem cura, tem tratamento, e é possível ter qualidade de vida com ela. Também é importante, a partir de uma avaliação médica, o uso de medicamentos, porque, nos estágios mais avançados e graves, se pode não ter ânimo para levantar da cama.
Outro fator de risco são o uso de drogas.
Não é possível dizer que uma pessoa se tenha matado apenas por uma razão.
Para a suicidologia, existem o fator principal e possíveis causas associadas a ele. Por exemplo: uma pessoa que se matou por ter se desiludido amorosamente. Ela teve uma infância com atenção, afeto, carinho, olho no olho, intimidade com os pais ou responsáveis, confiança? Quem tem tudo isso não está blindado contra o risco de suicídio, mas esse risco é reduzido devido à nutrição emocional, que acompanha o indivíduo pelo resto da existência. Nas lembranças desse carinho, desse amor do pai e da mãe, existe uma salvaguarda. Quem não aceita a dor sofre mais.
COMO LIDAR COM QUEM TENTOU O SUICÍDIO?
Com amor, com carinho. Quem busca matar-se uma vez tem uma gigantesca probabilidade de tentar novamente. Ela é digna de todo o atendimento, de todo o acolhimento, de toda a assistência médica especializada, sem censura, sem bronca, sem botar de castigo. A palavra-chave citada por todos os psicólogos, psiquiatras é conquistar confiança.
De que forma ajudar os pais cujos filhos tentaram o suicídio? Com informação. Procure ajuda especializada: um psiquiatra, um psicólogo. De repente, aquele jovem tem uma depressão instalada. Às vezes, a pessoa tem depressão e parece ótima, mas ela está por dentro arruinada, e o familiar não compreende isso. Tem que ter cuidado com o que se vai falar, tem que conhecer quem está sofrendo; senão, podemos acelerar um processo mórbido de desistência da vida.
(Texto adaptado de uma entrevista com o jornalista André Trigueiro)